Novas formulações lipídicas melhoram a biodisponibilidade oral de ativos desafiadores

Múltiplos mecanismos de ação são atribuídos às formulações lipídicas para aumentar a absorção de fármacos pelo organismo
Por Estela Mendonça
Para a comunidade científica, a descoberta de novos ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) é uma conquista das mais celebradas, mas para o desenvolvimento de um medicamento, muitos outros aspectos são especialmente críticos. Um dos grandes desafios é desenvolver a melhor formulação para que o ativo seja satisfatoriamente absorvido pelo organismo e efetivamente cumpra a ação esperada.
Kelly Bueno, farmacêutica e coordenadora técnica da linha farmacêutica da Gattefossé para a América do Sul e Central, alerta que IFAs que apresentam baixa solubilidade em água ou baixa permeabilidade intestinal estão associados a uma baixa ou variável absorção pelo organismo quando associados a medicamentos orais. “A entrega de fármacos em formulações lipídicas surgiu como uma abordagem bem-sucedida para melhorar a solubilização de ativos nas formas farmacêuticas de uso oral e, mais importante, facilitar a sua absorção no trato gastrointestinal, levando a um aumento da sua biodisponibilidade”, afirma.
Vantagens dos lipídios
Os excipientes lipídicos, segundo Kelly, vêm comprovando sua utilidade para IFAs de classificação biofarmacêutica (BCS) Classe II e são potencialmente úteis para Classes III e IV. Esses excipientes, quando empregados em formulações lipídicas podem aumentar a biodisponibilidade oral por meio de diferentes mecanismos: aumentar a solubilidade do fármaco, manter sua solubilização ao longo da digestão, melhorar a permeabilidade intestinal, facilitar o transporte linfático e mitigar o efeito alimentar.
Kelly destaca que vasta literatura científica já demonstrou que os fármacos pouco solúveis em água são geralmente solúveis em excipientes lipídicos. Além disso, com a ação de enzimas e sais biliares, a formulação lipídica é digerida e transformada em uma série de estruturas coloidais – vesículas, micelas mistas e fases lipídicas cristalinas, que contribuem para manter o fármaco no estado solubilizado ao longo do processo de digestão. “Em última análise, ácidos graxos, monoglicerídeos e fármaco particionam para fora das micelas e são absorvidos”, esclarece.
Já o aumento da permeabilidade intestinal é atribuído ao fato de os ácidos graxos de cadeia média (C8-C10) serem conhecidos por facilitar a absorção intestinal de fármacos pouco permeáveis por meio de captação transcelular, por conta de um efeito de fluidização da membrana, e captação paracelular, devido à abertura reversível das junções estreitas (tight junctions).
No que diz respeito ao transporte linfático, a farmacêutica atenta para dois pré-requisitos para promover a absorção linfática: como regra geral, o fármaco deve ser altamente lipofílico (Log P> 5) e solúvel em ácidos graxos insaturados de cadeia longa (> 50 mg / g). Estes ácidos graxos insaturados de cadeia longa (C16-C18: 1, C18: 2) são conhecidos por facilitar a captação linfática através da ligação do fármaco com as lipoproteínas nos quilomícrons, aumentando assim a biodisponibilidade oral.
Complementando, a formulação lipídica contribui para mitigar o efeito alimentar por que sua ingestão é suficiente para desencadear a liberação de bile e lipases, da mesma maneira e extensão que ocorre com uma refeição contendo gordura. “Dessa forma, a diferença da ingestão do fármaco entre o estado de jejum e alimentado é minimizada e o efeito dos alimentos pode ser reduzido ou cancelado”, diz Kelly, acrescentando que atualmente uma ampla gama de medicamentos no mercado mundial, são formulados com excipientes lipídicos: Calcitriol, Ciclosporina, Dutasterida, Enzalutamida, Ibuprofeno, Nimesulida, Fenofibrato, Isotretinoína, Omeprazol, Piroxicam e Telmisartana, entre outros.

Formulações lipídicas apresentam vários mecanismos de ação para melhorar a absorção fármacos
Inovação em biodisponibidade
A Gattefossé, referência em excipientes lipídicos especiais e que detém em seu portfólio farmacêutico óleos, tensoativos de baixo HLB, tensoativos de alto HLB e solventes, anunciou durante a feira internacional CPHI, realizada em outubro, um novo produto para integrar sua linha de melhoradores de biodisponibilidade: o Labrafac™ MC60, um inovador excipiente multiconstituinte composto de glicerol e ácidos graxos cáprico e caprílico.

Labrafac™ MC60 é composto de glicerol e ácidos graxos cáprico e caprílico.

Excipientes da Gattefossé para formulações lipídicas
Labrafac™ MC60 é um produto líquido em temperatura ambiente e considerado um tensoativo insolúvel em água, devido ao seu HLB de 5. Segundo Kelly, o produto apresenta miscibilidade com excipientes comumente utilizados em formulações lipídicas e é um bom solubilizante para uma ampla gama de moléculas, como Dutasterida, Cinarizina, Terfenadina, Praziquantel, Naproxeno, Indometacina, Fenofibrato, Carbamazepina e outras. “Foi demonstrado que o Labrafac™ MC60 possui propriedades de aumento de permeação intestinal, resultado de seu alto conteúdo de ácidos graxos de cadeia média, atuando assim como um melhorador de biodisponibilidade oral”.
Kelly comenta que estudos internos da Gattefossé demonstraram uma excelente performance do Labrafac™ MC60 na solubilização da Dutasterida, um medicamento utilizado no tratamento dos sintomas de hiperplasia prostática, com performance similar ao produto de referência do mercado. Clique aqui para saber mais sobre o lançamento.

Teste comparativo com Labrafac™ MC60 mostra excelente performance em solubilizar a Dutasterida
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